10 fevereiro, 2020


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PANDEMIAS


Vivemos dias de coronavírus, que continua a matar diariamente dezenas de pessoas, ameaça alastrar a todo o mundo e está a pôr em causa a economia mundial. Razões para alarme? Sim, até porque hoje, com a população mundial em permanente mobilidade, o perigo de surgirem pandemias é muito maior. Mas a história está repleta de momentos como este.
Ciclicamente a humanidade tem sido confrontada, e dizimada, com epidemias graves que afetam vastas regiões.
Surtos (manifestações locais), epidemias (surtos de âmbito regional) e pandemias (epidemias que se tornaram globais) fazem parte da história do homem. Bactérias, vírus e outros microrganismos têm causado mais mortes que a totalidade das mais sangrentas guerras, das mais terríficas erupções vulcânicas ou dos mais assustadores sismos.
Estas foram (e são) algumas das maiores causas de morte entre humanos:
- Peste bubónica: 50 milhões de mortos (Europa e Ásia) do ano 1333 a 1351.   
- Cólera: a maior pandemia fez centenas de milhares de mortos de 1817 a 1824.
- Tuberculose, uma das maiores epidemias causou 1 bilião de mortos entre 1850 e 1950                               
- Varíola: responsável por 300 a 500 milhões de mortos de 1896 a 1980. Foi erradicada em 1980.                           
- Tifo (febre tifoide): 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) de 1918 a 1922.
- Febre amarela: entre 1960 e 1962 causou 30 000 mortos na Etiópia.
- Sarampo: responsável, até 1963 por 6 milhões de mortos por ano.
- Malária: 3 milhões de mortos por ano, desde 1980.
- HIV-SIDA: Fez 22 milhões de mortos desde 1981, e continua.
- Gripe: maior epidemia: 20 milhões de mortos durante a 1ª Guerra Mundial (1918 a 1919) a gripe espanhola, mas continua a causar vítimas com surtos em todo o mundo. As epidemias são mais frequentes e de carácter sazonal. As pandemias são muito menos comuns. Registaram-se, até hoje, seis grandes surtos pandémicos, em geral batizados com o nome do local presumido de origem:
1889: gripe russa (H2N2)
1900: gripe velha de Hong Kong (H3N8)
1918: gripe espanhola (H1N1)
1957: gripe asiática (H2N2)
1968: gripe de Hong Kong (H3N2)
2009: gripe suína (influenza A - H1N1).

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Muitos e muitos milhões de mortos! No entanto, é irónico constatar que, enquanto governos de todo o mundo gastam muitos biliões com as “ciências da guerra” – procurando soluções cada vez mais eficazes para matar os seus semelhantes – basta uma microscópica bactéria mais teimosa ou um ainda mais invisível e enigmático vírus nos atacar, para sermos apanhados desprevenidos e sem meios imediatos, nem de defesa, nem de ataque.
Quando a pandemia se declara, há que, à pressa, arregimentar exércitos de cientistas, criando as condições para a identificação e eliminação do inimigo ou erguendo infraestruturas de última hora, para suster a sua propagação. Mas, como este é um inimigo que não respeita fronteiras nem tem complexos de classe social, ataca em qualquer lugar e qualquer um.
Perante inimigos desta envergadura, para que nos servem os mísseis, as bombas ou qualquer poderio nuclear? Se grande parte daquilo que se gasta em armamento militar fosse destinado ao estudo desse mundo invisível e a criar condições de vida mais humanas e sustentáveis, talvez não fôssemos apanhados tão desprevenidos.
A complexidade da mente humana, na sua sobranceria hegemónica, perde sempre contra a mortal simplicidade de atuação de um qualquer ou vírus.


VINTAGE

A minha crónica n'O ALMEIRINENSE de 1 de janeiro de 2020

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Neste mesmo local, há um ano atrás, dissertava eu sobre as transformações que assolavam a sociedade, receoso da insegurança que se ia apoderando da atual versão do “homo sapiens”,  incrédulo e indeciso sobre tudo o que o rodeia, não sabendo distinguir o real do virtual.
Fazia votos e exprimia desejos, para o ano que agora findou, de “uma sociedade mais exigente e menos permeável, que faça da defesa da Liberdade e dos valores da Democracia o seu desígnio”. Olhando em retrospetiva, só me resta reafirmar os votos, ao constatar que a vigarice das fake news, da desinformação e da mentira, em vez de castigar, premeia alguns dos seus maiores seguidores. Na gíria vinícola “vinho-a-martelo” é uma vigarice que se vende bem porque custa pouco. Quando a vigarice afeta o destino de algumas das grandes nações, baluartes da democracia e dos direitos humanos, é caso para nos começarmos a preocupar; - na Grã-Bretanha, que de vintage só possui a antiguidade e o cheiro a naftalina – porque a qualidade e a excelência da sua democracia, deixou de rimar com “british” –, Boris Johnson utilizou em seu benefício a receita e ganhou; - nos EUA, Trump, aplicando a receita, vai transformando um justíssimo processo de destituição em bandeira da sua reeleição. E os seus discípulos, por todo o Mundo, andam num frenesim
Cada um pode beber o que quer, é verdade, mas é pouco inteligente trocar a qualidade e a excelência pelo “vinho-a-martelo”.
Que 2020 – vinte, vinte – seja mesmo um ano vintage. Que a colheita do próximo ano seja mesmo excecional, que a qualidade supere em muito a mediocridade. São os votos.

SEXTA-FEIRA, DIA 13

O número 13 de má fama e objeto de tantos receios e superstições deve em parte a sua reputação por ser um número que desfaz o equilíbrio do ...